Invejável vocação
É uma receita simples: quem quiser a melhor seleção de futebol, escolhe os melhores jogadores naquele determinado momento e quem quer a melhor equipe de vôlei, igualmente, escala as melhores jogadoras
Mata a cobra e mostra o pau
Foi o que acabamos de ver no final de semana de 27 e 28 de novembro de 2010, quando o Campeonato Mundial da FIA GT1 desembarcou por aqui no nosso templo maior do automobilismo. Duas corridas que já na estréia da categoria em terras brasileiras apresentaram dois espetáculos inesquecíveis. Duas disputas daquelas que parecem até escritas por um roteirista afeito a produções holywoodianas fadadas a arrastar multidões para as salas de cinema em todo o mundo e mais, predestinadas a manter e espalhar ainda mais a mística da arte em questão.
Emocionantes ingredientes, resultados memoráveis
Os treinos de classificação na sexta feira deram uma pequena idéia da surpresa que Interlagos ia maquinando. Sérgio Jimenez, estreando na GT1 colocou o seu Corvette Z06 MadCroc na pole position provisória. Espanto geral? Surpresa esperada? Não, nada mais do que a confirmação de uma crônica à qual o torcedor brasileiro há muito havia se acostumado em outros temos na Fórmula 1. No sábado uma Sessão de Classificação que viu Enrique Bernoldi terminar como o mais rápido com a sua Maserati (é mazerati que se fala e não masserati como ainda escuto tantas vezes) MC12 Vitaphone para nos dar a todos um gostinho bom de antecipação. No sábado, ainda, uma Corrida de Classificação recheada de disputas, ultrapassagens e drama. A dupla Enrique Bernoldi/Xandynho Negrão deixa escapar uma vitória por um desentendimento dos trocadores de pneus na parada de box obrigatória.
A famosa chave de ouro
Se tratava nada mais, nada menos do que a preparação para uma festa maior reservada para o final da prova de domingo: uma inédita vitória de uma dupla brasileira em provas mundiais de categorias GranTurismo. Uma conquista pioneira, em uma categoria onde há pouco vencemos com Ricardo Zonta ao lado do companheiro alemão Frank Kechele e há muito vencemos um mundial com Raul Boesel ao lado de diversos companheiros como os ingleses Martin Brundle e Johnny Dumfries, o americano Eddie Cheever e o dinamarquês John Nielsen. Mas dois brasileiros juntos? Nunca e o privilégio coube à dupla Enrique Bernoldi/Xandynho Negrão em uma corrida perfeita com direito a uma ultrapassagem para acabar de vez com a frase “chegar é uma coisa, ultrapassar é outra”. Parabéns ao Enrique por ter feito uma primeira metade da prova mantendo o então líder Tomas Enge de Aston Martin DB9 ao alcance, parabéns à Equipe Vitaphone que foi perfeita desta vez na parada de box e que devolveu rapidamente o Xandynho de pneus novos à pista e, finalmente, parabéns ao Xandynho pelo mergulho que deu para cima do Warren Turner (companheiro do Tomas Enge) na curva do Bico de Pato faltando apenas 12 minutos para terminar a prova. E por final, parabéns ao Autódromo de Interlagos o circuito de todos e que leva o nome do José Carlos Pace, o Moco.
Delírio da torcida
As arquibancadas lotadas de torcedores brasileiros, a audiência da RedeTV (que transmitiu a prova ao vivo) lá em cima e aquela satisfação do dever cumprido de toda uma torcida brasileira que lavou a alma como estava acostumada a fazer. Certeza também que Interlagos tem uma fatia importante nessa comemoração, não pela qualidade de seu asfalto e pela perfeição de sua segurança, não por seu traçado que permite ultrapassagens (que aliás vimos em profusão em todas as disputas) em diversos lugares, mas simplesmente por sua magia que nos últimos 70 anos foi responsável por capítulos definitivos dos esportes a motor. E que dá mostras de ser uma magia definitivamente impregnada em sua personalidade, decisivamente sua marca registrada ou, como bem define o título deste artigo, de ser a causa dessa sua invejável vocação.
por Carlos Lua diretamente de Interlagos
www.textobras.com
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Interlagos - Invejável vocação
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