domingo, 26 de março de 2006

Diário de Porto 81 – Tamanho único








Desde que parte da revolução industrial resolveu que os seres humanos se encaixavam em uma grade de dimensões físicas pré-determinadas e passou a fabricar vestimentas, por exemplo, de tamanhos pré-estabelecidos, as diferenças entre nós ficaram muito menores. Ou aparentemente menos perceptíveis, pelo menos. Salvo alguns raros e extremos exemplos de hoje em dia quando alguns fabricantes italianos de sapatos sofisticados introduziram o meio ponto ou os cada vez mais raros ainda produtos feitos sob medida, somos uma sociedade que tem que se acomodar satisfeita entre o P e o GG.



Os impressionantemente grandes pequenos detalhes
Fica então a cargo dos pormenores das personalidades e comportamentos de cada um a tarefa de balizar as diferenças, mesmo fantasiados por letras que implacavelmente escondem ou revelam.

Em um barco a vela, em uma competição tão espetacular e emocionante como a Volvo Ocean Race, são também os pequenos detalhes, a principio pouco significativos ou mascarados, que fazem a enorme diferença, mesmo quando a princípio os regulamentos impõem regras e limites que vão de precisos Ps a sucintos GGs.

Tamanhos e pesos de cascos, mastros e velas são determinados e controlados, a quantidade da tripulação é estabelecida, tudo deve respeitar os limites e caber dentro da grade constituída, mas... (existe sempre um ‘mas’, não é verdade?) é aí que entram o planejamento, a preparação, o talento e assim por diante.



Homogêneos e hegemônicos
É o que vimos nesta etapa que desde que deixou o Rio, até chegar a Baltimore mesmo ser ter sido abundante em condições diferentes de ventos o foi em oportunidades únicas para serem aproveitadas.

Os sistemas de alta e baixa pressão ditaram o andamento da flotilha, as estratégias dos navegadores foi toda baseada em como antecipar os momentos. Alguns conseguiram assim evitar as armadilhas e desaparecer na frente como foi o caso do ABN AMRO ONE seguido pelo movistar por quase constantes 30 e poucas milhas durante os últimos dias. Foi uma demonstração de controle da tripulação do barco holandês, que a cada dia que passa mostra mais as sua qualidades de talentos tão homogêneos. Seguem etapa após etapa mantendo um ritmo elevado e constante, incansáveis e cada vez mais inalcançáveis.


Expresso do tempo
Os outros barcos, por motivos diversos de escolha e falta de sorte, ficaram bem mais para trás, inclusive o ABN AMRO TWO, até aqui a mais grata e positiva surpresa da edição 2005-2006 da Volvo Ocean Race. Os jovens do TEAM ABN AMRO ficaram estacionados em um buraco sem vento e perderam o “expresso do tempo”, sendo obrigados a depender de uma 2ª geração de sistemas frontais.

Restam ainda quatro etapas, 3 regatas in port e um portão de pontuação a serem disputados até o dia 17 de junho. No total são mais 42 pontos máximos a serem conquistados, para ficarmos conhecendo os três ocupantes do pódio. Um pódio do tamanho exato para ser ocupado por apenas aquelas três tripulações, das quais uma delas, a primeira colocada vai servir de referência e medida para ser copiada durante todas as próximas edições da Volvo Ocean Race.

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